sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

PASSEIIIIIII!!!!

Quero compartilhar este momento feliz com vocês: fui aprovado na seleção para o doutorado, turma 2011, do Programa de Pós-graduação em Educação da UFMT. Foi um longo parto, iniciado no dia 15 de outubro, quando encerraram-se as inscrições. Primeiro avaliam-se o curriculum e o projeto de pesquisa. Uma vez aprovado, vai-se para a prova escrita. Aprovado, vai para a entrevista, a etapa final. E esse parto só foi concluído no dia 07 de dezembro, com a divulgação do resultado da entrevista. Ufa, tô dentro! Serão quatro anos de muito estudo e pesquisas bibliográfica e de campo. Estudarei a história de vida de Liu Arruda, entrelaçada à Educação Ambiental, transportando essa experiência para a comunidade de São Pedro de Joselândia, no Pantanal mato-grossense. O tema é por demais estimulante. Foi sugestão da minha orientadora, Dra Michèle Sato. Só Michèle mesmo...um tema tão próximo de mim, como todos sabem, e eu não tive essa ideia. Iremos repetir a feliz parceria do mestrado, quando ela também me orientou. Que felicidade, que felicidade !

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

DOM PEDRO MERECE!



O bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga, está entre os 40 homenageados da 16ª edição da insignia da Ordem do Mérito Cultural deste ano. Entre os homenageados estão nomes como Denise Stoklos, Gal Costa, Glória Pires, e alguns in memoriam: Carlos Drummond de Andrade, Cazuza, João Cabral de Melo Neto, Nelson Rodrigues, Vinicius de Moraes. A cerimônia de entrega da insígnia acontecerá nesta quinta-feira, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e vai contar com a presença do presidente Lula. A homenagem é mais que justa. Dom Pedro Casaldáliga é tudo de bom! 

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

IMAGENS DA ÁFRICA

O lado de Lá” é o título do ensaio fotográfico de Ricardo Teles exposto na Pinacoteca do Estado de São Paulo, de 20 de novembro a 9 de janeiro. Com o “O lado de Lá” o fotógrafo se refere às regiões africanas de onde partiram os escravizados para o Brasil: Angola, República Democrática do Congo (antigo Zaire) e Benin.







quinta-feira, 18 de novembro de 2010

CUBA LIBRE

Cuba já não é mais a mesma. Os travestis que antes eram perseguidos pela polícia e se apresentavam clandestinamente, ganharam um festival só para eles, no último domingo. O show, realizado no Teatro América, no centro de Havana, homenageou Manuel Proenza, que se apresenta como "Mari Dalia" há 21 anos. O teatro bombou!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

E AGORA, TIA NASTÁCIA?

O Ministério da Educação, o Conselho Nacional de Educação e a Academia Brasileira de Letras não se entendem. Os órgãos se envolveram em um polêmico debate acerca da obra de Monteiro Lobato, distribuída às escolas, mais particularmente sobre o livro “Caçadas de Pedrinho”. O trecho de maior  polêmica, acusado de racista, envolve a Tia Nastácia: “ Sim, era o único jeito — e Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro de São Pedro acima, com tal agilidade que parecia nunca ter feito outra coisa na vida senão trepar em mastros”. Por conta particularmente dessa passagem alguns sugerem a exclusão da utilização oficial do livro. Já outros sugerem a inclusão de uma nota explicativa. E, para complicar ainda mais, há aqueles que consideram ambas as medidas um ato de censura. E agora?




OLÉ!

Quatorze anos após lançar “Flamenco”, Carlos Saura retoma o tema lançando esta semana seu novo filme “Flamenco flamenco”. A cena abaixo é um aperitivo apenas, mas dá uma enorme vontade de assisti-lo todo. Quando será?

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A ÓTICA DE FERNANDO ORTIZ NO MISC

Após realizar a Mostra “Para não esquecermos: a presença negra em Mato Grosso”, a Secretaria da Cultura de Cuiabá e o Museu da Imagem e do Som de Cuiabá “Lázaro Papazian – Cháu” - o MISC, retomam a abordagem étnica e racial neste mês de novembro, em que se comemora em todo o país o Dia Nacional da Consciência Negra. As atividades terão início no dia 11 de novembro, às 19:30 h, com a abertura da exposição “A mitologia afrocubana. Uma homenagem a Geraldo Costa, pioneiro do movimento negro em Mato Grosso”, cuja curadoria é da Profª Therezinha Arruda. Falecido em 1990, Geraldo Henrique Costa foi cuiabano, contabilista, radicado no bairro Araés, onde fundou o Grupo de União e Consciência Negra em nosso Estado.



Está programada também para esse dia a exibição do vídeo “Wemilere – Festa das deidades cubanas”, do diretor Johannes García Fernández, com duração de 27 min. Este documentário é uma representação artística das festividades aos orixás e retrata a “Santería”, como é chamada em Cuba a religião afro-cubana, uma das tradições mais praticadas no país. É celebrada com cantos, danças e toques de tambor dedicados às deidades: do amor, da justiça, da paz, da guerra; e também aos elementos da natureza como: o campo, o rio, o vento, o raio, o mar, o sol, a terra; esse culto é oferecido também à vida e à morte.



No dia 12, às 19h30, acontecerá um colóquio com a Profª Therezinha de Jesus Arruda, intitulado: “A negritude afrocubana na ótica de Fernando Ortiz”. Antropólogo, etnólogo, sociólogo, jurista e linguista, Ortiz é cubano, considerado um dos maiores intelectuais da América Latina e uma das maiores autoridades em estudos da cultura africana. A palestrante e curadora, Profª Therezinha Arruda é historiadora, especialista em História da América. É professora titular fundadora da UFMT, onde também foi co-autora dos projetos de implantação do Museu de Arte e Cultura Popular, do Departamento de História, do Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional e do Cineclube da UFMT. Atualmente é tradutora espanhol/português do jornal Granma Internacional – Cuba, e colaboradora da Fundação Fernando Ortiz.



A programação prossegue com uma mostra de vídeos cubanos, assim distribuída:



Dia 18/11, às 14:00 h.

“No País dos Orixás”. O país dos Orixás está do outro lado do lugar onde os astros vão dormir durante o dia; do outro lado do infinito, muito além da Terra, muito além do céu; nem na terra nem no céu, ou na terra e no céu, ao mesmo tempo.

Conjunto Nacional Folclórico de Cuba

Diretor – Elio Ruiz / Duração – 58 min.



Dia 23/11, às 14:00 h

“Aña, a Magia do Tambor”. Os “Batá” são os mais conhecidos dos tambores africanos de origem ioruba que se conservam em Cuba. Este documentário trata da construção e da liturgia destes tambores sagrados nos quais palpita o espírito de Osain – o Deus ioruba da Natureza; fala da linguagem mágica de suas vibrações sonoras provocadas pelo contato com os deuses e da euforia da possessão – “Subida do Santo” – e dos “omá añá olú batá”, os percussionistas que dominam a arte de sua complexa execução e constituem uma categoria sacerdotal reservada exclusivamente aos homens, de acordo com as tradições de seus antepassados.

Diretor artístico – José Papiol

Produção – Mundo Latino – Cuba / Duração – 27 min.



Dia 26/11, às 14:00 h

“Omo o Oricha – Os Filhos do Santo”. À “Santeria” cubana – como a qualquer outra religião – pode-se chegar por diferentes caminhos: tradição familiar, problemas sociais e individuais, dúvidas filosóficas, dificuldades de saúde. O certo é que praticantes do culto cubano aos orixás são encontrados hoje na Venezuela, em Porto Rico, na Colômbia, no Panamá e em outros países do Caribe, nos EUA e na Europa, já que esta crença popular baseia-se em autênticos atos de fé concretizados numa religião que possui seu culto e suas tradições.

Realizador – Tato Quiñones

Desenhista – José Papiol / Duração – 27 min.

A programação é gratuita. O MISC está situado à Rua Voluntários da Pátria, centro histórico de Cuiabá. As escolas poderão agendar visitas pelo fone 3617-1288 ou pelo e-mail movimentomisc@gmail.com.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

"A CIDADE DO CÂNCER"

Os moradores do vilarejo de Tuzkoy, na Turquia, passarão a ter novo endereço. O governo construirá nos arredores novas moradias para essa população. O motivo é que a área foi declarada “zona de desastre ambiental”, em virtude do alto índice de câncer na região, causado por um mineral raro, chamado erionita, que tem propriedades similares a do amianto e é muito presente nas rochas nos arredores do vilarejo. http://noticias.terra.com.br/noticias/0,,OI4783656-EI188,00-Autoridades+iniciam+retirada+de+moradores+de+cidade+do+cancer+na+Turquia.html


terça-feira, 26 de outubro de 2010

POBRE PAUL (2008 - 2010)

Faleceu hoje, aos dois anos de idade, o polvo Paul, que se tornou o mais famoso molusco do mundo, ao prever os resultados da Seleção Alemã na Mundial de 2010, na África do Sul. Desempregado desde então, Paul vinha enfrentando sérios problemas de depressão. Pessoas próximas a ele dizem que Paul ultimamente estava intragável: não se conformava por estar distante dos holofotes. Não bastasse isso, o seu poder de vidência já não era mais o mesmo. Tanto que não previu a própria morte.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

FESTIVAIS DE PANCADARIAS

Eu não vi nada na imprensa local, mas em sites nacionais especializados está bombando http://tododjjasambou.virgula.uol.com.br/?p=1085. O DJ Anderson Noise, considerado pioneiro na música eletrônica no Brasil, dono de uma discografia imensa, foi violentamente espancado em Cuiabá, quando veio tocar na festa "White Label", dia 16 de outubro, no Centro de Eventos Pantanal. Encheram o cara de porrada, durante sua apresentação para cerca de 4000 pessoas. Também em uma boate em Várzea Grande os seguranças agrediram violentamente um de seus frequentadores este final de semana. A polícia precisa fiscalizar essas festas e essas casas noturnas. Afinal, a violência nesses lugares vem se tornando uma constante. Vôte!!!


quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A PRESENÇA NEGRA EM MATO GROSSO

Quando o Museu da Imagem e do Som de Cuiabá “Lázaro Papazian – Cháu” – MISC resolveu realizar esta Mostra, em parceria com o NEPRE – Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Educação, da UFMT, não teve a pretensão de contemplar toda a produção artística e cultural da comunidade negra mato-grossense, pois temos consciência de sua enorme abrangência e complexidade. Portanto, uma mostra apenas não daria conta de revelar todo um universo de matriz africana circulando por este imenso Brasil, apesar de constantemente negado por construções ideológicas racistas. Há, além disso, a dificuldade de se encontrar tais contribuições registradas ou catalogadas, consequência de um longo processo de negação e invisibilidade do qual os negros são historicamente vítimas.

Sob o discurso da universalidade, o processo civilizatório ocidental sempre ignorou a presença negra, seja em que esfera for, desprezando o seu patrimônio sociocultural, acumulado ao longo de gerações. Suas expressões culturais são tidas como exóticas e atrasadas. Esse é o olhar do colonizador europeu que, ainda hoje, persiste. E, assim, as escolas ensinam mitologia grega, mas não ensinam mitologia africana. Foi preciso a criação, em 2003, da Lei 10.639, para se começar um movimento de ensino da história e da cultura afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio. As elites brancas sempre criaram as políticas culturais neste país, definindo o que deve ser preservado ou não. E, diante disso, o negro sempre sobrou. Mesmo quando, mais tarde, essas elites incorporam as criações e influências negras, antes desprezadas e reprimidas, identificando-as como símbolos de uma supostamente única identidade mato-grossense, o negro desaparece, torna-se invisível.

São quase trezentos anos de presença africana em Mato Grosso e a herança desses homens e mulheres não pode ser esquecida nem tampouco reduzida à participação na vida econômica deste Estado, como mão de obra escravizada, o que equivale a dizer que esses povos são dotados apenas de força física e desprovidos de intelecto e de sentido estético. Ressaltar a contribuição negra à cultura mato-grossense é uma questão de ética e, sobretudo, de justiça, pois estamos diante de contribuições que perpassam a vida deste Estado em aspectos que vão desde a língua, a culinária, a música, a dança e a visualidade, contemplando ainda valores sociais e concepções religiosas. São experiências de gerações, repletas de sentidos e saberes.

Discordando desse modelo racista e homogeneizador, o MISC quer intervir ideologicamente reafirmando a África como matriz do mundo, oportunizando à população negra o direito de se expressar, o direito à diferença, sem que esta tenha uma conotação de desigualdade ou separatismo. Enfim, queremos contribuir para que a população negra tenha o seu direito ao sonho. (Ivan Belém - diretor do MISC)


MOSTRA “A PRESENÇA NEGRA EM MATO GROSSO”


DE 05 DE OUTUBRO A 05 DE NOVEMBRO

MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DE CUIABÁ

Rua Voluntários da Pátria, Centro 3617-1288

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ETERNA BAIXARIA...ATÉ QUANDO?

Enfim, terminou o processo eleitoral. Já não suportava mais ver a cara de certas figuras. Um teste para as nossas paciências também foi testemunhar a falta de criatividade e de propostas sérias. Toda eleição a mesma coisa. Velhos clichês repetidos à exaustão. A eterna baixaria. O Horário Eleitoral Gratuito foi uma infeliz ideia, que deveria ser abolida. Quem é que escolhe seus candidatos através do HEG? É tudo tão aborrecedor. Mas já passou. Veremos esse mesmo filme somente daqui há dois anos. E quanto ao resultado das urnas, heim? Amei o segundo turno para presidente. Foi um susto dado pelo povo à situação. Pena que Marina Silva tenha ficado de fora...Agora tanto faz: Dilma ou Serra, é tudo farinha do mesmo saco. Triste ainda é constatar que, para o governo do Estado, não tivemos ao menos um candidato que fosse uma alternativa a esses candidatos que aí estavam pleiteando nossos votos. Por outro lado, foi muito bom saber que velhas raposas dançaram nas urnas. Entre elas, lamentavelmente,estão algumas mulheres, elas que já possuem pouca representação. De qualquer forma, foi melhor assim. Essas mulheres que perderam as eleições também são velhas raposas que não mereciam estar onde estiveram anos a fio. A esperança é que surjam novas lideres capazes de nos encantar e nos orgulhar. Por enquanto não nos resta outra alternativa, a não ser lamentar, pois seremos obrigados a conviver com um governo reacionário e conservador, por mais quatro anos. Que decepção!



quarta-feira, 29 de setembro de 2010

JÁ É TEMPO DE PEQUIS

O cheiro de pequi, que eu amo, já invadiu a cidade. Aqui e ali já se é possível visualizar ambulantes vendendo os frutos amarelos de cheiro forte e inconfundível. Mas os preços... Estão pela hora da morte: sete reais o litro!   Como sou um cara privilegiado, abençoado pelos deuses e pelas deusas, tenho dois pés de pequis, enormes, em meu quintal, lá na Varginha. Baba, baby! http://www.altiplano.com.br/Pequi1.html


terça-feira, 28 de setembro de 2010

CURURU E SIRIRI: TANTAS PERGUNTAS...

Assisti ao último dia do 9º Festival de Siriri e Cururu de Mato Grosso, mega festa que até então vinha acontecendo na Avenida Beira Rio. A mudança, este ano, para o Parque de Exposições pareceu-me feliz. Havia amplo estacionamento, acomodação suficiente para o público se sentar, parecia tudo muito tranqüilo, apesar da lotação quase esgotada. Já na parte destinada à gastronomia, a calmaria era preocupante. Estava deserta. Acho que os comerciantes não se deram muito bem. Exceção para os vendedores ambulantes de espetinhos, cachorros quentes e baguncinhas, bastante frequentados. Foi uma grande festa sim, como nos anos anteriores. Mas, de qualquer forma, voltei pra casa cheio de perguntas: “O festival vem desmentir aqueles que anunciavam a morte do siriri e do cururu?” Não sei. Talvez o siriri e o cururu estejam, de fato, mortos em sua essência para renascer como algo que, se não se pode chamar de novo, traz em si visíveis mudanças. Seria reduzir demais a discussão se a tratarmos meramente sob o aspecto maniqueísta. Boas ou más, a verdade é que as mudanças ocorreram obedecendo a dinâmica própria a toda manifestação cultural. Assim, o siriri e o cururu, não são mais como os conhecemos nas comunidades que o praticavam ou ainda o praticam. Ganharam nova roupagem, flertando com o estilo Hollywood de se fazer espetáculo, guardadas as devidas proporções, evidentemente. E isso tem agradado às massas. Tanto que são quatro noites de casa cheia. No entanto observei que, às vezes, quando alguns grupos entravam na arena faziam tanta macaquice, tanta invencionice, que eu me perguntava: “Cadê o siriri, cadê o cururu?”. Talvez esse seja o preço a ser pago pelo fato de terem chegado ao século 21 como duas das maiores expressões culturais da Baixada Cuiabana...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

DIA CUIABANO SEM CARRO?

Lentamente começa a ganhar adesão a campanha do Dia Mundial Sem Carro, comemorada hoje em todo o mundo. Ao sair cedo de casa, à pé, não notei diferença nenhuma no trânsito de Cuiabá. Mas já foi pior, pois antes nem se falava no assunto. Por aqui ainda falta incentivo para que a população deixe seus carros em casa.  A idéia do movimento, nascido na França, em 1988, é que se busque meios alternativos de locomoção, como a bicicleta. Mas, pedalar por aqui é bem complicado. Sem contar as enormes ladeiras, há ainda o agravante da má educação dos motoristas. Quanto mais grana se tem, mais se polui. Afinal, a grande maioria da população é empobrecida e não tem carro. Enfrenta o busão ou vai caminhando mesmo. Embora sejam os que menos poluem, são os pobres que mais sofrem os efeitos desse modelo cruel e insustentável de desenvolvimento.  Que esta data sirva ao menos pra gente refletir um pouco sobre nosso estilo de vida e avaliarmos o que estamos fazendo para ajudar a salvar o planeta...     

BAIRRO LIXEIRA E O ABANDONO

Quem mora no bairro Lixeira, assim como eu, já vive assustado. São inúmeros pontos de drogas por todo o bairro. Todo mundo sabe onde eles ficam. Mas todos se sentem impotentes. A polícia fecha uma delas, quando é no dia seguinte, volta a funcionar a todo vapor. A verdade é que a história do bairro pode ser contada antes e depois da invasão do maldito crack.  A Lixeira é um bairro tradicional de Cuiabá, bem próximo ao centro histórico, cuja população até recentemente ainda cultivava alguns hábitos característicos da cidade, como sentar-se à porta ao final da tarde. As residências nem sequer tinham muros. Agora todos vivem trancados. Roubos acontecem à luz do dia. Não bastasse isso estamos convivendo agora com um toque de recolher, motivado pela morte de um jovem de outro bairro, assassinado no Lixeira. Estamos abandonados à própria sorte?        

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

LINDO E TRISTE CERRADO

Nada de chuva... Mato Grosso continua em chamas... Os metereologistas dizem que as três primeiras virão repletas de impurezas. Portanto, é aguardar para tomar o tão esperado banho de chuva. Em Santo Antônio do Leverger, pra onde vou frequentemente, toda semana tem focos de incêndios. Nem o Morro se salvou. Foi triste vê-lo em chamas. O ar, em todo o Estado, é pura fumaça. Tudo fica com uma atmosfera muito baixo astral. Mas o cerrado é surpreendente. Você sai andando pela paisagem desolada pelas queimadas quando, de repente, se depara com umas árvores lindas, repletas de flores, com um colorido intenso. Faz um bem danado aos olhos e, sobretudo, à alma. Viva o cerrado!


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

LIU ARRUDA NÃO MORREU

Já se passaram dez anos da sua morte e Liu Arruda continua dando pano pra manga. Esse meu amigo foi um fenômeno. Gente como ele não nasce a qualquer hora, como chuchu na serra. Nem ator com esse carisma todo, capaz de arrebatar multidões. Foi amado, paparicado, do jeito que gostava. Mas também foi odiado. Para esses, nem tchum. Por mais que, em determinado momento, tenha se bandeado para um teatro mais comercial, não deixava de afrontar os corruptos, os maus cidadãos, fiel às suas origens de um tempo em que o teatro sentia-se comprometido com a construção de um mundo mais solidário e justo. Liu Arruda pertenceu a essa geração de atores militantes, que inúmeras vezes foram pras ruas defender uma causa, valendo-se do teatro. Tenho orgulho de pertencer a essa turma, da qual também fizeram parte Meire Pedroso, Mara Ferraz, Claudete Jaudy, Augusto Prócoro, Wagton Douglas e Vital Siqueira. Tivemos o privilégio de contar com autores e diretores do porte de Luiz Carlos Ribeiro e Chico Amorim. Ainda hoje Liu Arruda, um ícone dessa geração de atores, continua fazendo escola por aqui. E devemos muito desse milagre aos avanços tecnológicos. Jovens que não tiveram a oportunidade de vê-lo nos palcos ou na TV podem acessá-lo através dos conteúdos disponíveis na Internet. Algumas de suas personagens transformaram-se até em toques de celulares. Covers do mais popular ator mato-grossense povoam a cidade. Apesar disso não podemos, infelizmente, afirmar que Liu Arruda permanece vivo em um país célebre por ser desmemoriado. O que nos chega ao presente, seja por que meio for, é quase sempre uma imagem distorcida do ator, obscurecida pela caricatura. Liu Arruda foi muito mais. E Regis Gomes, um jovem e talentoso artista plástico, conseguiu captar isso muito bem. Durante meses fixou seu olhar sensível sobre o polêmico homem multimídia. O resultado foi dos melhores. Mais que revelar caras e bocas, Regis conseguiu captar a essência do homenageado, ou seja, características que ele tinha de melhor: a irreverência, o inconformismo e a rebeldia. E assim, por intermédio de Liu Arruda, Regis Gomes trouxe para o presente ingredientes vitais, que podem nos tirar da apatia, do egoísmo e, sobretudo, do silêncio sepulcral em que nos mergulhamos. Inexoravelmente.

IRREVERÊNCIAS – Exposição do artista plástico Régis Gomes

De 09 a 24 de setembro de 2010

Das 8 às 18h, na Secretaria da Cultura de Cuiabá (Antigo Clube Feminino)


terça-feira, 14 de setembro de 2010

MEU IRMÃO, QUE GENTE É ESSA?

Depois de uma longa ausência, cá estou de novo. E estou assombrado. Com tudo o que vem acontecendo, principalmente durante este período eleitoral. Os jornais de hoje informam que o Lula afirmou que o DEM, ex PFL, deveria ser extirpado. Pelo que sei, o que se extirpa é câncer. E o DEM é mesmo um câncer, cá pra nós. Portanto, deve mesmo ser extirpado. Mas o Bornhausen ficou puto com o presidente e disse que essa afirmação é consequência da bebedeira do Lula. O cara apelou. Deixem o presidente tomar umas cachaças de vez em quando...  Que coisa! Gente politicamente correta é foda. Mas, verdade seja dita, Lula foi parcial. Afinal, o PT também deveria entrar na lista dos partidos a serem extirpados. Jogou no esgoto sua estirpe, ora. Hoje eu estava no trânsito e o carro à minha frente trazia adesivos enormes de um candidato do PT ao lado de uma corja, gente da pior espécie...Fiquei pensando: quem diria que um dia eu fosse ver isso? Esse povo do PT perdeu o brio na cara. Tem gente ali capaz de matar a mãe pra se manter no poder. Caraca!

terça-feira, 13 de julho de 2010

PRA PENSAR...

NOSSOS POLÍTICOS TRABAAAALHAM!

Ainda estou embasbacado com a declaração de patrimônio de nossos candidatos. São todos seres iluminados. Aliás, desconfio que somente eles sejam filhos de Deus. Eu, por exemplo, não consigo ter nem ao menos uma poupança, mesmo com reza brava. E olha que eu também trabalho... Enquanto isso os caras, sem muito esforço, enriquecem da noite pro dia. Tem cada casoooo... No mínimo merece uma investigação do Ministério Público. Estarrecedor também é o caso de Chica Nunes, na contramão. Se seus colegas políticos acumulam riquezas dias após dias, ela (pasmem!!!) empobreceu. Seu patrimônio declarado não chega a 40 mil reais. E ainda dizem que passou as mãos em 6 milhões de reais dos cofres públicos. Quanta maldade... Pobre Chica!


segunda-feira, 5 de julho de 2010

TCHUPA ESSA LARANJA E ENGOLE O BAGAÇO, by Creonice


Taí, é por isso que eu nem tchum pra Copa do Mundo... Da Copa eu só gosto do feriado e da oportunidade de comer água. Não entendo nada de futebol mesmo... Aliás, não consigo entender patavina. Quanto mais eu assisto, mais fico sem entender. Como é que pode um país inteiro parar pra ver um bando de homem correndo atrás de uma bola? As repartições públicas fecham no dia de jogo, os motoristas saem bêbados pelas ruas, as autoridades fingem que não vêem... O povo ri, chora, infarta, briga, sai louco pelas ruas, parecendo um bando de bobó tchera-tchera, figa! Desfilam pra lá e pra cá com a bandeira brasileira, dependurada nos carros... A tudo isso dão o nome de "patriotismo"... Que patriotismo é esse que só aparece de quatro em quatro anos? Se a seleção perde, as bandeiras desaparecem todas. Tem gente que até queima a pobrezinha... Patriotismo... Patriotismo meu cesso...Ai, gente, eu não aguento os brasileiros! Ainda por cima, acreditam que o Brasil continua bom de bola. E que a nossa grande inimiga em campo é a Argentina. Ora, qualquer timinho de várzea que joga malemá tenteano é inimigo da nossa seleção. E os nossos inimigos em campo vão só aumentando, a cada Copa. Daqui a pouco não vamos mais nem poder frequentar a ONU. Quá, já fomos bons de bola um dia. Agora já era. Futebol virou negócio. Não tem mais raça, não tem mais amor à camisa. O negócio é bom pra quem ta no campo. É bom também pras biscates, que agora ganharam o nome de "Maria Chuteira", aquele bando de mulher ocia atrás de um jogador rico pra emprenhar elas, garantindo uma pensão bem gorda. Antigamente os pais sonhavam em ver os filhos médicos. Agora o negócio é ter filho ou genro jogador de futebol. Não precisa nem estudar. Basta fingir suar a camisa. Desculpem a ignorância, mas essas coisas não entram mesmo na minha cabeça. Pensando bem até acho bom não entender, senão eu tava que nem vocês, depois da derrota contra a Holanda: com cara de bunda. Mas não se preocupem sis criança: se não foi na Copa passada e nem nesta, vamos esperar a de 2014... Se não der em 2014, tem a de 2018, a de 2022, a de 2026... E assim nós vamos tomando até encostar!

Creonice Belém do Pará é prima em segundo grau de Ivan Belém e, não sei se vocês perceberam, não é muito chegada em futebol






terça-feira, 29 de junho de 2010

POBRES ARANHAS

Temidas e odiadas, as aranhas estão por toda a parte. Tanto faz se o lugar é quente e seco, ou frio e úmido. Lá estão elas. São mais de 32 mil espécies identificadas. Todas, indistintamente, são esmagadas pela maioria das pessoas. Que implicância! Você pode até achá-las feias e repugnantes, mas elas também têm direito à vida. E isso ninguém pode negar. Mas, bem distante daqui, no Camboja, elas são vistas por outro ângulo. Infelizmente nem assim estão à salva, pois seu destino é invariavelmente a panela. Turistas do mundo todo vão ao sudoeste asiático para comê-las, bem fritinhas ao alho e óleo. Melhores destinos tiveram as aranhas do nosso filósofo e roqueiro Raul Seixas, apesar de toda a repressão sofrida. Vejam:

 

quinta-feira, 24 de junho de 2010

VIZINHO MALA

Juro que não sou um vizinho chato. Sou bem na minha. Quase nem paro em casa e por isso não tempo tenho para conviver com a vizinhança e muito menos me indispor com ela. Moro no bairro há 50 anos e sempre tive um relacionamento pacífico e amistoso com as pessoas por aqui. Durante muitos anos as casas sequer tinham muros. E isso nunca causou problemas para ninguém. Ao contrário, estreitavam os laços de amizade. Atualmente, a regra são os muros altos. Ninguém mais convive com o seu vizinho e, paradoxalmente, os limites territoriais são muitas vezes desrespeitados, violentamente. As pessoas perderam a noção das coisas. E o que se vê frequentemente é a invasão de espaços. Estou passando por isso agora. Tenho um vizinho (ou vizinha) que cismou que a porta da minha casa é um lixão, pois se aproveita da minha ausência para depositar seus dejetos na lixeira que tenho. Não tive outra alternativa a não ser escrever e fixar próximo à minha lixeira, um cartaz com os seguintes dizeres: “Atenção vizinho cara de pau, esta lixeira tem dono e a porta da minha casa não é lixão. Fui claro?”. Depois não venha dizer que sou chato. Se ele ou ela continuar a insistir, tomarei outras providências. Fiquei mais preocupado ainda ao ler na imprensa que o serviço de coleta de lixo será suspenso http://www.midianews.com.br/?pg=noticias&cat=3&idnot=25720. Ai de mim!  



quarta-feira, 23 de junho de 2010

DÁ-LHES, ENAWENÊ-NAWÊ!

Bem distantes daqui, a 473 km de Cuiabá, em Sapezal, município do norte do Mato Grosso, os Enawenê-nawê estão prontos para a guerra. Como sempre, contra os cara pálidas, e o seu capitalismo avassalador, destruidor de seus territórios, uma constante ameaça à sua sócio-cosmologia. Armados, eles protestam contra a construção de uma usina telegráfica na região do Rio Juruena. Quer saber mais sobre os Enawenê-nawê, clique no link abaixo.


http://pib.socioambiental.org/pt/povo/enawene-nawe

segunda-feira, 21 de junho de 2010

ESSE TAPA NÃO VAI FICAR ASSIM!

Quando penso em “elites brancas” tenho claro pra mim que aí estão também incluídos os negros embranquecidos, muitas vezes pelos brancos, quando estes ascendem ao poder. Nessas condições não é raro os brancos concederem “títulos” de mulatos, morenos e pardos aos negros. Também não é raro que os negros aceitem essa “titulação”, sem questionar. Esses perderam a oportunidade de aprender com o deputado Vicentinho, quando certa vez, falando da tribuna esclareceu que ele não é mulato porque não é filho de mula; e também não é pardo porque não é pardal. Se todos os senadores negros recusassem essa “titulação” e se assumissem enquanto afro-descendentes, talvez não estivéssemos agora amargando essa derrota. Mais uma. Pulverizando a negritude, as elites brancas deram mais uma vez um tapa na cara da população negra, ao aprovar o Estatuto da Igualdade Racial, da autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), com ressalvas. Somente o fato de ter ficado engavetado dez anos aguardando aprovação, já dava sinais de que não era considerado relevante. Aprovado recentemente contém cortes drásticos, representando uma enorme derrota aos movimentos negros. O texto mutilado, com relatoria do senador branco Demóstenes Torres (DEM-GO), contou com interferências dos dedos podres da bancada ruralista. Retirou-se, então, do texto original a definição de quem são os remanescentes de quilombolas e derrubou a obrigatoriedade de reservas de vagas para negros e negras nas universidades e na indústria cultural. Continuam valendo as estéticas, os ideais e a lógica européias. Nos ferramos, de novo!
(Assista ao clip de Elza Soares, abaixo. Mata a pau!)










sexta-feira, 18 de junho de 2010

MISTERIOSO CASARÃO DOS MENDONÇA


A fachada que sobrou do casarão da Rua Barão de Melgaço, onde moraram Estevão de Mendonça e seu filho Rubens, dois dos maiores historiadores de Mato Grosso, foi demolida, apesar de estar situada em pleno Centro Histórico de Cuiabá, área que deveria estar salvaguardada, amparada pela legislação patrimonial,  uma vez que é tombada. Portanto, quem mandou demolir cometeu um crime. Mas, quem foi o autor? Essa é a pergunta que não quer se calar. O fato é que alguém, aproveitando o feriado prolongado de Corpus Christi, contratou homens e máquinas para efetuar o serviço – ou melhor, o desserviço. Desserviço à nossa memória, já tão comprometida. O fato repercutiu nacionalmente. Revistas eletrônicas de patrimônio histórico noticiaram e lamentaram o fato. A família diz que não foi ela a autora. A Prefeitura também. Muito menos eu, concordam?. A família, inclusive, registrou um BO. Por sua vez o IPHAN e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente registraram queixa na Polícia Federal. Não precisa ser nenhum padre Quevedo para elucidar esse mistério...




quinta-feira, 17 de junho de 2010

RECLAMEMOS AO BISPO

Viver nas grandes cidades está se tornando cada vez mais difícil. Bom mesmo seria morar na lua. Meu Deus, como as pessoas estão violentas, insensíveis, com valores totalmente distorcidos... Leio os noticiários e me assusto ainda mais diante de tanta corrupção e ostentação, convivendo ao lado de tanta miséria... Aumenta cada vez mais o contingente de miseráveis enquanto uma minoria se enriquece cada vez mais e de forma ilícita. Como escolhemos mal nossos representantes... Raríssimas exceções, só pensam em adquirir vantagens a qualquer custo. “Foda-se a população e o planeta”, eles devem pensar assim. Em quem confiar? Na justiça?

terça-feira, 15 de junho de 2010

A ENERGIA DE CÉLIA CRUZ

Quero compartilhar com vocês a energia contagiante de Célia Cruz, cantora cubana falecida em 16 de julho de 2003. Clique no link abaixo e divirta-se!

FESTIVAL DE INVERNO DE CHAPADA: O TERROR

A partir do dia 26 de junho, quando começa o Festival de Inverno, Chapada dos Guimarães voltará a ser uma terra de ninguém. Com o festival a cidade vira um caos. Seus moradores, que nunca toleraram os hippies e afins, tradicionais freqüentadores da cidade, devem sentir falta da galera maluco beleza. Descoberta pelos ricos e emergentes, estes propagam o terror por lá. Lamentavelmente a nossa elite econômica não é uma elite cultural. E assim uma enorme quantidade de gente endinheirada, arrogante, bêbada e drogada sobe a serra, sem respeito a nada e nem a ninguém. A poluição impera em todos os níveis, do ambiental ao sonoro. Deixa um rastro também de mortos. Todo ano é assim: muita gente morre na estrada, a falta de água encanada, o barulho ensurdecedor dos sons automotivos, brigas e confusões. Pior é saber que para instaurar esse clima de terror o governo do Estado está investindo um milhão e duzentos mil reais, com o dinheiro dos impostos pagos por nós. Além de tudo, o acesso à programação nacional é excludente. Quem comprar antecipadamente o ingresso para o show de Ivete Sangalo, por exemplo, pagará R$ 20,00. Se deixar para comprar na hora, deverá desembolsar individualmente R$ 60,00. A programação regional certamente é gratuita. No entanto, como acontece todos os anos, os artistas locais nunca sabem quem está organizando. Esse detalhe vira um mistério. Sem saber a quem enviar propostas, ficam também excluídos. E assim o festival transforma-se também  em coisa de comadres. Quando é que tudo isso irá mudar?

O LOBISOMEM NOSSO DE CADA NOITE


O Lobisomem é um bicho esquisito. Só anda às sextas-feiras, às altas horas da noite, sempre quando a lua é cheia. Mas isso não é empecilho pra que povoe o mundo. Eles existem em todo lugar. Dizem que nasceu na Europa, antes de Cristo, e também circula pela África, onde é conhecido como “Kibungo”. Aqui no meu bairro, por exemplo, é um velho chegado nosso. Desde eu criança ouço dizer que perambula pelo bairro Lixeira. Ver eu nunca vi, graças aos deuses. Mas ouço falar. E muito. Aparece de tempos em tempos, a ponto até de eu achar que era um patrimônio do nosso bairro. No entanto, soube que tem sido visto lá pelas bandas de Várzea Grande. Mas, pelo que ouço, o Lobisomem da Várzea Grande é diferente do nosso. É mais bravo e perigoso. Já matou cachorro, correu atrás de jovens indefesas, arranhou carros. O do Lixeira também assusta, claro. Afinal, que graça teria um Lobisomem que não assusta? Naturalmente se parece com seus parentes: é peludão, tem as unhas afiadas e os caninos pronunciados. É meio homem, meio lobo. E, assim como os demais, rola pelas encruzilhadas sujas de melecas dos animais, invade os galinheiros pra comer o cocô das galinhas, visita as casas em busca de recém-nascidos para lamber suas fraldas sujas (éca!!!)... Que figura, heim?! Se bem que ultimamente ele deu uma sumida daqui. Deve estar fazendo charminho...




terça-feira, 8 de junho de 2010

HÁ QUANTO TEMPO...

Impressionante, mas fazia um tempão que eu não postava nada aqui. Juro que não foi por descaso ou falta de tesão. Quer dizer, houve um pouco de falta de tesão, sim. Deixei-me envolver por tantas coisas chatas e estressantes, a ponto de quase não ter tempo para os prazeres da vida. Felizmente me toquei a tempo. Comecei a fazer, então, uma faxina em minha vida. Fui tirando de meu cotidiano tudo aquilo que me incomodava. E nessa faxina estão incluídas algumas pessoas. Lamentavelmente ainda não posso dizer que a faxina foi geral. Mas eu chego lá. Segunda-feira retomarei a tal faxina. Aproveitei este feriado prolongado para me preparar e me fortalecer. Pensei muito e descansei bastante, pois sei que a tarefa exigirá de mim uma força hercúlea. Mas tudo em nome da paz!




quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

CARNAVAL, UMA ETERNA REINVENÇÃO

Os críticos dizem que o carnaval cuiabano acabou. Transformou-se tanto que perdeu o sentido. Teriam razão eles? Tenho minhas dúvidas. Afinal, o que percebo é que, como toda manifestação cultural, o carnaval só sobreviveu porque não ficou estagnado no tempo, como se estivesse em uma redoma. Com suas origens antes de Cristo, tem passado por inúmeras transformações ao longo dos tempos. Não poderia deixar de ser diferente aqui, no Mato Grosso. Temos um carnaval ao modo daquilo que nossa gente gosta. O povo inventa e reinventa os festejos de Momo desde tempos imemoriais. Antigamente aqui também brincava-se o “Entrudo”, uma farra que consistia em jogar água de cheiro nas pessoas. O problema é que a essa água se adicionavam outras coisas nada agradáveis e nem muito menos perfumadas. Como era de se esperar, a brincadeira causava problemas, quase sempre. Por isso passou a ser reprimida pela polícia. Enquanto isso, a elite se reunia em associações ou residências, talvez de forma um pouco mais comportada ou contida. O Clube Feminino, onde hoje funciona a Secretaria Municipal de Cultura, foi um ícone desse período. A ele só a elite tinha acesso. Negros, pobres e minorias sexuais eram excluídos. Chega um momento, porém, que essa festa migra para as ruas, reunindo, finalmente, pobres e ricos. Novos elementos são incorporados, como o corso, a batalha de confetes e os cordões. Mas isso tudo é passado. O que se segue, vocês já conhecem.

MISS LENE DE MUITOS CARNAVAIS

“Dito”, ou “Miss Lene”, como queiram, é figura emblemática do carnaval cuiabano. Embora more na zona rural de Várzea Grande, é em Cuiabá que curte o reinado de Momo. Este ano ele vem festejando desde o Baile da Cidade, que antigamente era restrito à elite local. Chegou em grande estilo: vestida de vedete. Lembrou-se que, até recentemente, jamais poderia fazer isso: “Travestis não passavam nem perto”. Hoje, felizmente, os tempos são outros. Miss Lene acompanhou essas mudanças todas. É do tempo das marchinhas, dos cordões e dos blocos de máscaras. Perfeitamente adaptado aos tempos atuais, curtiu o carnaval cuiabano em toda a sua essência. Fez-se presente nos ensaios de escolas e blocos e na terça-feira foi um dos destaques do “Boca Suja”. Iria sair em um outro bloco, como “Maria Bonita”, mas não sabe o que houve. Na última hora sua personagem teve que sair do enredo. Abraçado pelo “Boca Suja”, transformou-se em “Odalisca”. E arrasou, como sempre!
(Na foto, Miss Lene comigo no Baile da Cidade deste ano)

SAMBA E MILITÂNCIA

A Rainha do Carnaval Cuiabano deste ano, Michele Oliveira, é de linhagem nobre. É da nobreza do Samba. A mãe, Laura Grace, nos demais dias do ano é engenheira florestal, mas no reinado de Momo ocupa com charme e competência o posto de passista. Já foi, inclusive, Madrinha de Bateria de blocos famosos da capital, como Boca Suja, Mocidade Independente Universitária, Pega no Meu Coração, Urubu Cheiroso, dentre tantos outros. A filha também vem seguindo os passos da mãe. Mas isso é pouco para falar delas. Militantes do movimento negro, ambas são membros do Grupo de União e Consciência Negra (GRUCON) e também do Instituto de Mulheres Negras (IMUNE). Eu as conheci há muitos anos atrás, no bairro Araés, na casa de Geraldo Henrique Costa, fundador do GRUCON. Michele, até então uma menina, fazia aulas de dança afro no “Grupo Cultural Filhas de Oxum”, fundado por Antonieta Costa, filha de Geraldo. Está explicado, assim, em parte, alguns dos motivos pelos quais Michele Oliveira fez a diferença como Rainha do Carnaval Cuiabano.

CARNAVAL E SIRIRI: A FESTA DE VARGINHA

A pacata comunidade de Varginha, zona rural de Santo Antônio do Leverger, agita-se durante o carnaval. É um carnaval diferente, realizado a partir de suas especificidades culturais. É feito, desde tempos remotos, à base siriri,a tradicional dança de Mato Grosso, com instrumentos típicos e rudimentares, como a viola-de-cocho, o mocho e o ganzá. O boi-à-serra é figura de destaque. À frente dois foliões empunhando as bandeiras. Uma é do bloco, naturalmente. A outra, creiam, é de Santa Gertrudes. A festa começa na sexta-feira e acontece o dia todo, estendendo-se noite à fora. Com a ajuda da comunidade, rola café da manhã, almoço e jantar. Cada um dá o que pode: um pacote arroz ou macarrão, frango, carne ou tempero. A comida é servida na casa dos festeiros. Este ano o rei foi José Carlos Carvalho, conhecido como “Bigode”; e a rainha sua irmã, Vergília Carvalho. Os foliões saem pela comunidade cantando e dançando, visitando as casas. Nessas horas as pessoas param com tudo para também se integrarem à festança. Faltando-me fôlego para acompanhar os foliões, dei uma pausa e parei em um pequeno bar da vila, para tomar um refrigerante e comer um pastel frito na hora. Não consegui comer o pastel. A dona do bar, muito gentilmente explicou-se que àquela hora seria impossível atender ao meu pedido. O pastel só sairia depois da passagem do bloco. Ela está coberta de razão. Inconveniente fui eu. Desculpa aí. Impossível ficar indiferente ao carnaval de Varginha. Homens, mulheres, crianças e jovens envolvem-se espontaneamente. Mas já foi muito maior esse envolvimento. João Gomes Siqueira, 60 anos, contou-me que, há trinta anos atrás, o cortejo contava com mais de três mil pessoas, vindas de toda a redondeza: Barreirinho, Morro Grande, Carandazinho, Pai André, Souza Lima... Chegavam no sábado e só iam embora na Quarta-feira de Cinzas. João lamenta-se que os jovens não aprenderam a tocar os instrumentos e nem se interessam pelos saberes e saber fazer para continuar com a tradição. Por isso, os tocadores que ali estavam vieram de Cuiabá. “Mesmo assim ta bonito”, disse-me, emocionado. Ao final da festa, todos iriam para a casa dos festeiros, onde iriam jantar e subir o mastro para a festa de Santa Gertrudes. Nesse momento seria anunciado também oficialmente os festeiros do próximo ano. Assumiu, assim, o posto de rei Miro Amorim; e o de rainha, dona Nenê. Miro já sabe que terá muito trabalho pela frente. Por exemplo, precisará de muita diplomacia para ajudar a comunidade a superar um dos principais obstáculos à preservação da comunidade, hoje dividida por questões partidárias. Explicando melhor: se os festeiros pertencem a um determinado partido, os que são de partidos opostos não participam da festa ou não se envolvem tanto quanto a festa merece. Outro obstáculo é envolver os jovens. Mas Miro não se desanima. Ele sabe que é preciso zelar pela herança cultural de seus antepassados.

A MOÇADA DA VARGINHA

Em Varginha ninguém fica excluído. A terceira idade também participa e tem seu próprio bloco. Acompanhei esses animados foliões pela manhã de segunda-feira. A galera é animada e goza de plena forma. Quem não está lá muito bem, também participa. Nesses casos, o acompanhamento se dá dentro da ambulância. Eles ficam ali, sentadinhos no interior do veículo, e seguem o bloco. Há uma segunda ambulância, para caso ocorra alguma emergência. Isso, no entanto, não é motivo para baixo astral. A “moçada” se fantasia e vai para as ruas. Alguns carregam a bandeira do bloco e outros uma bandeira de Nossa Senhora Aparecida. E isso não deve ser pecado. A santa padroeira do Brasil certamente deve gostar de carnaval, caso contrário não seria a padroeira. O samba enredo deste ano foi tudo de bom. Para vocês terem uma idéia, vejam só o refrão: “Eu quero é Dipirona, bem gelada”. Concordam?

UM DIÁLOGO EM BOM CUIABANÊS

Esta é para ser lida ao ritmo da sonoridade típica de nosso falar cuiabano. A cena ocorreu na segunda-feira de carnaval, quase amanhecendo, em Santo Antonio de Leverger. Eu estava em um boteco e lá ouvi o seguinte diálogo entre duas mulheres:

- Num qué comê um cactchorro quente na tchapa?

- Hum hum...

- Ah, então vamos pra casa comer arroz co fejão!

- Hum hum... Acho que vou fazer um escardado!

É QUARESMA

Embora informalmente, temos a exemplo dos chineses, um calendário próprio. Afinal, não deixa de ter razão quem afirme que o nosso ano só começa após o carnaval. Pois bem, agora parece que as nossas vidas caminharão normalmente. Talvez por isso adentramos agora na Quaresma, cuja duração é de 40 dias, não contando os domingos. Durante este período os católicos aproveitam para orar, abster-se e fazer caridade. Deixar de comer algo que se gosta é uma forma de rememorar o período em que Jesus ficou no deserto sem se alimentar. Começa também a Campanha da Fraternidade. Lançada nesta quarta-feira pelo Conselho Nacional das Igrejas Católicas. O tema deste ano é “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro”. Isto porque, dizem, muita gente das mais variadas religiões, endeusa o dinheiro. Karl Marx tinha razão quando o chamou de “vil metal”. O mal necessário.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

POINT DO SAMBA

Nestes dias que antecedem o carnaval, a Praça da Mandioca, no Centro Histórico de Cuiabá, tem sido o reduto dos sambistas. O ponto de encontro dessa turma tem sido o bar do Mário, o nosso eterno Rei Momo. Pra quem não sabe Mário César é agora empresário da noite. O seu bar é um espaço gostoso, ideal para se reunir com os amigos nas quentes noites cuiabanas, pois é ao ar livre, na tradicional pracinha. Às sextas-feiras, então, o bicho pega, com altas rodas de samba. Dias desses quem apareceu por lá, dando uma canja, foi a cuiabana radicada no Rio de Janeiro, a mangueirense Dadá Maravilha. Que voz tem a Dadá... O bar do Mário tem dessas surpresas, além, claro, do quibe quentinho, delicioso.
(Na foto, Jack, eu, Laura, mãe da rainha do carnaval, e Nieta.  Saímos do Baile da Cidade direto pra pracinha.Pireiiiiii)

VERDADE OU MENTIRA?

Está rolando em Cuiabá o maior comentário sobre o documentário longa-metragem “Só Dez Por Cento é Mentira”, que aborda a vida e a obra do poeta Manoel de Barros. Dirigido pelo cineasta Pedro César, o filme vem fazendo bonito pelos festivais, conquistando alguns prêmios. Não chegou ainda por aqui, mas sei de gente que já viu, não sei como. Aos 93 anos de idade, Manoel de Barros é um dos mais consagrados escritores brasileiros. O filme diz que ele é sul-matogrossense. Isso acho que é mentira. Pelo que me consta Manoel é cuiabano, nascido no bairro do Porto...

PROTESTO E SILÊNCIO

Recebi alguns protestos por ter dito na última edição de minha coluna que Jejé vive numa Cuiabá homofóbica. Talvez eu não tenha me expressado muito bem, mas estava me referindo à época em que Jejé foi um jovem. Respeito a opinião das pessoas, mas não acho que Cuiabá foi algum dia um paraíso para os homossexuais. Se estes estão por todos os lugares, freqüentando inclusive altos postos, não é porque a nossa sociedade seja exemplarmente tolerante ou complacente, mas pela atuação dos movimentos sociais, com sua força de pressão. Sem se esquecer, lógico, da coragem e ousadia dos gays para peitarem a situação. Aliás, na mesma nota eu disse também que Cuiabá é racista. E ninguém protestou...
(Na foto,Jejé e eu no Baile da Cidade/2010)

MALDITO BANNER

Esta semana visitei o artista plástico Márcio Aurélio dos Santos, em sua agradável casa no CPA. Márcio convidou-me para batermos altos papos, coisa que o tempo ultimamente não estava permitindo. De quebra, pude conhecer sua nova produção, por sinal grande e bela. Um dos grandes baratos dessa sua nova fase é que abandonou os suportes tradicionais e vem utilizando o verso de banner, aquele material plástico que muitos artistas e produtores culturais utilizam amplamente para divulgar seus shows. É lamentável, mas esses materiais são altamente predatórios. Utilizados apenas para um evento específico, logo são descartados e ninguém sabe o que fazer com eles. Na natureza levam dezenas de anos para se decomporem. Esse pessoal tinha que abrir mão disso, pensar um pouco que a cultura precisa e deve ser sustentável. Felizmente nas mãos de Márcio Aurélio eles se transformam em obra de arte!

PALMAS PARA LÚCIA

Assim como todo mundo, recebo diariamente dezenas de e-mails enviados em série. Nem os abro, claro. Mas este me foi enviado por uma pessoa confiável, Luiz Carlos Ribeiro. E o assunto da mensagem era “Lúcia Palmas”, assim mesmo no plural. Com esses nomes eu não poderia deixar de abrir a correspondência. Não me arrependi, naturalmente. Tratava-se do envio de um vídeo curtinho, mas delicioso. Era Lúcia Palma interpretando o poema “Nasci antes do tempo”, de Cora Coralina. Ficou melhor ainda, pois gosto muito da poetisa goiana. Lúcia Palma, que já tive o prazer de ver atuando nos palcos, dá um show de interpretação, como era de se esperar. Que bom rever Lúcia representar, ela que é uma das nossas grandes atrizes. Tomara que faça mais outros trabalhos como atriz, para o nosso deleite. O vídeo tem direção de Thyago Mourão, que infelizmente não sei quem é. Mas já tem a minha simpatia e admiração. É talentoso!

PUXANDO PELA MEMÓRIA

Eu disse na última edição de minha coluna no Folha do Estado que voltaria ao assunto relativo à nossa falta de memória. Faço isso, dentre outros motivos, levado pela cobrança de um leitor, que também é meu amigo de muitos anos. Trata-se do advogado Nivaldo Conrado, poconeano há muitos anos radicado em Cuiabá. Pois bem, Nivaldo chama a minha atenção para o esquecimento (ou ingratidão) ao Camilo Ramos dos Santos, não da minha parte especificamente, mas da sociedade cuiabana. Nivaldo se indigna ao perceber que ninguém faz qualquer referência ao Camilo quando o assunto é teatro. E isso é verdade, meu amigo. Camilo deu um grande impulso ao teatro mato-grossense, particularmente nos anos 70. Primeiramente no Colégio São Gonçalo e, mais tarde, no SESI, onde dirigiu e iniciou muita gente que mais tarde viria a brilhar nos palcos deste imenso Mato Grosso: Liu Arruda, Mara Ferraz, Rubinho, Regina Lobo, Malu Calçados, Ilton, Zé Mario, Sebastião, Monteiro, Geraldo, Cir Luiz, Nagib, o próprio Nivaldo e eu, dentre tantos outros. Aliás, a primeira vez que fui a um teatro, foi para assistir a uma peça do Camilo: “A Moreninha”, com parte desse pessoal no elenco. Eu tinha apenas dezessete anos de idade. Mas isso foi decisivo em minha vida. Foi amor à primeira vista. Na semana seguinte eu já fazia parte do grupo. Um dos grandes obstáculos à minha permanência lá, foi o meu pai. Quando ele viu que eu estava em companhia de pessoas “esquisitas”, para a ótica dele, proibiu-me de continuar freqüentando o grupo. Fiquei arrasado. E quem veio em meu socorro? Nivaldo Conrado, ora pois! Talvez nem ele se lembre disso. Já na época um homem eloqüente, por isso hoje é um advogado brilhante, Nivaldo convenceu meu pai a me deixar atuar como ator. Por isso sou-lhe grato, eternamente!