quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

EU, AGORA ÓRFÃO...

O sentimento que a orfandade deixa sobre suas vítimas é de abandono, como se não existisse mais um terreno firme para se pisar. Sei disso agora que minha mãe se foi. Evanildes Corrêa do Belém, a dona Vane, partiu no dia 16 de dezembro de 2010, deixando um enorme vazio em nossas vidas. Quando o sentimento de abandono se apossa de mim, consola-me o fato de ter me tornado órfão aos 50 anos, ao passo que muita gente vê-se obrigada a enfrentar essa terrível condição ainda criança. Por isso posso me considerar um privilegiado: tive ao meu lado, durante 50 anos, uma mãezona para me proteger e cuidar de mim. Desde que o mundo é mundo as pessoas nascem e morrem, mas quem é que se acostuma com a ausência? Estou falando de ausência física. O velho casarão da Rua Antonio Batista Belém, onde ela viveu por mais de 50 anos, está vazio sem a sua hospitalidade, sua alegria, seu bom humor e, sobretudo, seu profundo sentimento de tolerância. Ficaram, além das lições, a saudade e a dor. Para sempre. E como disse Rachel de Queiroz, em "O Quinze": "Doer dói sempre, só não dói depois que se morre". E em termos de morte, 2010 foi um ano cruel para a nossa família. Em oito meses perdemos também Yolanda Corrêa da Costa Reis, a nossa tia Morena, irmã de minha mãe, que era uma mãezona para todos nós; e ainda perdemos um primo, o Hélder Clay. As reuniões familiares já não são mais as mesmas depois dessas perdas. Felizmente 2010 se foi. Não quero nem olhar para trás. E que venha 2011, com paz, saúde, alegria e vitórias!

César, Rubinho, eu, mamãe, tia Morena e tia Mecila


Ismael, Rose, mamãe, Rubinho, eu e Hugo (Natal de 2009, em Chapada).

Joyce e a vovó Vane


Nós, no MISC


À beira do Rio Cuiabá, em Varginha











3 comentários:

  1. Meus sentimentos de solidariedade, Ivan. Acreditar na eternidade é um profissão de fé e esperança do reencontro. Abraços!

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  2. Parabéns Ivan pelo artigo!
    Depois de abordar a morte de pessoas tão queridas, deixando, de fato, nossas reuniões com um traço de tristeza, encerra o artigo com vigor, de forma destemida e pronto para as batalhas que poderão nos advir.

    Beijos.

    Daniele (sua prima, também orfã, mas espero estar pronta para as novas adversidades.

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