quarta-feira, 15 de setembro de 2010

LIU ARRUDA NÃO MORREU

Já se passaram dez anos da sua morte e Liu Arruda continua dando pano pra manga. Esse meu amigo foi um fenômeno. Gente como ele não nasce a qualquer hora, como chuchu na serra. Nem ator com esse carisma todo, capaz de arrebatar multidões. Foi amado, paparicado, do jeito que gostava. Mas também foi odiado. Para esses, nem tchum. Por mais que, em determinado momento, tenha se bandeado para um teatro mais comercial, não deixava de afrontar os corruptos, os maus cidadãos, fiel às suas origens de um tempo em que o teatro sentia-se comprometido com a construção de um mundo mais solidário e justo. Liu Arruda pertenceu a essa geração de atores militantes, que inúmeras vezes foram pras ruas defender uma causa, valendo-se do teatro. Tenho orgulho de pertencer a essa turma, da qual também fizeram parte Meire Pedroso, Mara Ferraz, Claudete Jaudy, Augusto Prócoro, Wagton Douglas e Vital Siqueira. Tivemos o privilégio de contar com autores e diretores do porte de Luiz Carlos Ribeiro e Chico Amorim. Ainda hoje Liu Arruda, um ícone dessa geração de atores, continua fazendo escola por aqui. E devemos muito desse milagre aos avanços tecnológicos. Jovens que não tiveram a oportunidade de vê-lo nos palcos ou na TV podem acessá-lo através dos conteúdos disponíveis na Internet. Algumas de suas personagens transformaram-se até em toques de celulares. Covers do mais popular ator mato-grossense povoam a cidade. Apesar disso não podemos, infelizmente, afirmar que Liu Arruda permanece vivo em um país célebre por ser desmemoriado. O que nos chega ao presente, seja por que meio for, é quase sempre uma imagem distorcida do ator, obscurecida pela caricatura. Liu Arruda foi muito mais. E Regis Gomes, um jovem e talentoso artista plástico, conseguiu captar isso muito bem. Durante meses fixou seu olhar sensível sobre o polêmico homem multimídia. O resultado foi dos melhores. Mais que revelar caras e bocas, Regis conseguiu captar a essência do homenageado, ou seja, características que ele tinha de melhor: a irreverência, o inconformismo e a rebeldia. E assim, por intermédio de Liu Arruda, Regis Gomes trouxe para o presente ingredientes vitais, que podem nos tirar da apatia, do egoísmo e, sobretudo, do silêncio sepulcral em que nos mergulhamos. Inexoravelmente.

IRREVERÊNCIAS – Exposição do artista plástico Régis Gomes

De 09 a 24 de setembro de 2010

Das 8 às 18h, na Secretaria da Cultura de Cuiabá (Antigo Clube Feminino)


4 comentários:

  1. Ritude Enári...
    Lugar de fazer arte!
    A vida... a arte... a obra de Liu Arruda.
    O teatro... a poesia... o canto desse artista singular que partiu tão precocemente.
    Aróe Jári...
    O buraco das almas!
    Liu Arruda corpo e alma.
    De corpo e de alma na cultura matogrossense.
    Um artista cuiabano completo... genial.
    Nakakauita...
    Saudades de Liu Arruda... este geminiano digoreste, que não podia ter deixado a gente tão cedo!

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  2. AS 27 TELAS PINTADAS DE LIU,FAZEM PARTE DE MEU ACERVO. FONE:92089841 RÉGIS

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