segunda-feira, 21 de junho de 2010

ESSE TAPA NÃO VAI FICAR ASSIM!

Quando penso em “elites brancas” tenho claro pra mim que aí estão também incluídos os negros embranquecidos, muitas vezes pelos brancos, quando estes ascendem ao poder. Nessas condições não é raro os brancos concederem “títulos” de mulatos, morenos e pardos aos negros. Também não é raro que os negros aceitem essa “titulação”, sem questionar. Esses perderam a oportunidade de aprender com o deputado Vicentinho, quando certa vez, falando da tribuna esclareceu que ele não é mulato porque não é filho de mula; e também não é pardo porque não é pardal. Se todos os senadores negros recusassem essa “titulação” e se assumissem enquanto afro-descendentes, talvez não estivéssemos agora amargando essa derrota. Mais uma. Pulverizando a negritude, as elites brancas deram mais uma vez um tapa na cara da população negra, ao aprovar o Estatuto da Igualdade Racial, da autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), com ressalvas. Somente o fato de ter ficado engavetado dez anos aguardando aprovação, já dava sinais de que não era considerado relevante. Aprovado recentemente contém cortes drásticos, representando uma enorme derrota aos movimentos negros. O texto mutilado, com relatoria do senador branco Demóstenes Torres (DEM-GO), contou com interferências dos dedos podres da bancada ruralista. Retirou-se, então, do texto original a definição de quem são os remanescentes de quilombolas e derrubou a obrigatoriedade de reservas de vagas para negros e negras nas universidades e na indústria cultural. Continuam valendo as estéticas, os ideais e a lógica européias. Nos ferramos, de novo!
(Assista ao clip de Elza Soares, abaixo. Mata a pau!)










2 comentários:

  1. Sinceramente, concordo com a retirada das cotas, do incentivo fiscal às empresas e as demais alterações, fica claro que se fossem fixadas as cotas, assim como os demais itens, iria haver mais casos de descriminação a nós negros. Meus amigos e eu discutimos essa pauta e chegamos ao consenso de que não queríamos ser lembrados nas empresas por ainda haver espaço na cota para negros, muito menos no acesso ao ensino, acima de tudo somos humanos, de carne e osso, assim como todos, independentemente da cor da pele, não somos diferentes, nem melhor nem pior, assim como todos, devemos mostrar nosso mérito, nossa competência, garra, comprometimento! Nesse mundão há espaço para todos, brancos e negros!

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  2. Respeito sua opinião,Benedito. No entanto, sou absolutamente a favor das cotas. Durante 500 e tantos anos este país criou inúmeras cotas para beneficiar os brancos. Os negros sempre ficaram excluídos delas. E continuam excluídos até hoje. Fomos, inclusive, proibidos de frequentar os bancos escolares por mtos anos. Então, este país tem uma dívida para conosco. Quem tem que se envergonhar disso são os descendentes dos senhores de escravos. Os negros não têm, portanto, que se envergonhar de se beneficiarem das cotas. Elas são justas e legítimas.

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