sábado, 28 de novembro de 2009

Ganhamos um espaço cultural



Dentre as inúmeras iniciativas em celebração ao Dia Nacional da Cultura, uma delas sem dúvida foi especial para Mato Grosso: a inauguração, pelo TCE, do Espaço Cultural Liu Arruda, uma merecida homenagem ao polêmico humorista. Foi uma noite linda e emocionante, repleta de artistas no palco. Eu interpretei um lindo texto do Gilberto Nasser, que tomo a liberdade de publicar aqui.



“O artista é um iluminado por natureza. Por isso, quando ele parte, vira luz no firmamento e o seu brilho é eterno. Sua herança não é o dinheiro, mas a sua própria obra de vida. Em vida, a função do artista é sensibilizar. Limitado pelas paredes do teatro, o artista transcende e faz desta caixa mágica um mundo sem limites, onde ele conta história, vive vidas e morre um pouco por cada personagem. Não é o artista que sonha. Ele faz o público sonhar. O artista alimenta o espírito humano e trabalha ao extremo as nossas sensações. O grande barato do artista é impressionar. Por isso o espetáculo não acontece sozinho. O artista precisa do sonho do público para tornar sua obra realidade. Essa relação entre palco e platéia é apaixonante e mais poderosa e explosiva que a força nuclear de um átomo. A arte é testemunha da evolução humana e a humanidade, através da arte, vai contando sua história. Liu Arruda foi testemunha de um tempo curto e precioso da nossa gente. Liu fez história e revolução. Seu talento foi suficiente para vencer as barreiras regionais e conquistar o Brasil, mas ele preferiu ficar aqui e ser o astro na sua própria terra. Hoje, encantado como todo ser de luz, ele deve estar de camarote, lá em cima, espiando a gente. E deve estar dizendo: - Puta que pariu, São Pedro! Olha só o que eu estou perdendo lá em baixo. E São Pedro, com a barba arrepiada, deve ter dito: - Seu Liu Arruda, aqui em cima não pode falar palavrão. No que Liu deve ter retrucado com o santo: - Agora o que é que é esse, São Pedro?! E desde quando que ‘puta que pariu’ é palavrão? São três palavrinhas tão pequenininhas: “puta”, “que” e “pariu”... Tão pequenininhas! Palavrão, São Pedro, o senhor precisa ir, lá em baixo, pra ver: miséria, violência, injustiça, sacanagem. Isso sim é que é palavrão. Na frente dessas coisas, ‘puta que pariu é refresco’, como dizia minha comadre Nhára e meu compadre Juca. Como não! E por falar nisso, espia ela chegando refestelada com a turma toda...”

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